114-IAB

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FICHA TÉCNICA

PROJETO:

Sede IAB + CAU

CÓDIGO:

114-IAB

CATEGORIA:

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O partido adotado é a resposta à desafiadora proposta do edital que indica a necessidade de dois edifícios distintos ocupando o mesmo terreno. Baseando-se na singularidade e caráter específico das entidades representadas, são criados dois volumes de proporções similares dispostos de forma longitudinal ao terreno. O espaço central resultante transforma-se, assim, em uma grande praça de acesso público e de interação entre ocupantes, usuários esporádicos e eventuais visitantes.

O eixo de desenvolvimento do projeto se materializa na forma deste átrio central que, como fio condutor, orienta a disposição dos prismas edificados: a oeste, CAU e, a leste, IAB. Em seu ponto mais central, na cota de acesso, a recepção surge como elemento principal de distribuição e conduz aos seis núcleos principais de fluxo e circulações verticais.

Um jardim surge como pano de fundo da recepção e marca a centralidade máxima do conjunto, integrando verticalmente o térreo (de acesso coletivo) com os demais pavimentos (de caráter privativo).  No segundo pavimento, sobre a recepção, cria-se um espaço de lazer e contemplação, responsável por estabelecer conexão singular entre os dois blocos, além de servir como complemento aos foyers, ambientes de espera e acolhimento.

Duas lâminas curvas, postas antagonicamente, completam o conjunto quebrando a monotonia dos prismas ortogonais e proporcionando maior sinergia entre os espaços internos e o átrio central.

Na frente do lote, pelo lado do CAU, este elemento organiza os acessos: um, exclusivo de funcionários e serviços terceirizados. Outro encaminha de forma natural o visitante à recepção central. Da mesma forma, no lado oposto (IAB) e ao fundo do terreno, a mesma forma surge abrindo as visuais para a paisagem.  Recortes pontuais nestas lâminas criam ilhas de vegetação que fortalecem a qualidade sensorial e conexão visual entre a construção e o meio ambiente.

Um grande elemento de sombra coroa esta praça central, flutuando sobre o vão e conferindo ao espaço conforto e qualidade ambiental, além de contribuir para proteção das fachadas internas das torres. No restante de todo o perímetro, a aplicação de elementos de sombra imprime unidade visual e contribuem com a eficiência energética dos blocos. Nesta cobertura, um sistema de climatização natural chamado PDEC (passive downdraught evaporative cooling) combina a ventilação natural com umidificação por meio de micro aspersores. Esse sistema, utilizado em climas quentes e secos, como é o caso de Brasília, tem o potencial para reduzir em até 8ºC a temperatura do ar nos períodos mais secos, reduzindo o consumo de energia e portanto, o custo do ciclo de vida da edificação.

SISTEMA CONSTRUTIVO

O sistema construtivo adotado buscou conciliar necessidades de redução de custos, rapidez de execução e durabilidade. Para tanto a utilização de laje maciça protendida que garante maior conforto acústico, resistência ao fogo e, sobretudo, maior flexibilidade de ocupação. Previsão de laje alveolar apenas nos trechos de maior carga (arquivos deslizantes, equipamentos, etc.).

A estrutura metálica foi utilizada como suporte dos elementos de sombreamento (brises, chapas perfuradas de alumínio, sistema unitizada de fachada, etc.). A disposição de pilares potencializa a disposição de vagas de estacionamento e dos demais espaços internos.

As redes de infraestrutura e lógica distribuem-se por forros, pisos elevados e shafts. Quatro prumadas de elevadores e escadas fazem a integração vertical dos edifícios organizando-os e dando versatilidade na sua utilização. (ver corte C-C’)

SETORIZAÇÃO

A opção pela disposição de equipamentos de alta relevância ao fundo do terreno (centro cultural e restaurante, pelo lado do IAB; plenário, presidência e refeitório – pelo lado do CAU) estendem o caráter cívico da praça central até aquela porção do lote, além de funcionar como uma extensão destes mesmos ambientes (ver corte A-A’). A área arborizada adquire maior protagonismo quando avaliada a possibilidade de extensão da área verde e a criação de um acesso secundário no lote contíguo, além das visadas proporcionados em tal direção.

Para além da maior funcionalidade e controle destes equipamentos, a setorização citada acima ainda permite segregar os fluxos verticais do ambiente corporativos (IAB/DF) e administrativos/ técnicos (CAU/BR).

Na torre leste, parte do terraço é ocupada com o restaurante do IAB e salas de reunião, que complementam as lajes corporativas locáveis. Na torre Oeste, propõe-se a implantação do refeitório, uma cafeteria e áreas de lazer do CAU, ambientes complementares entre si, todos agraciados com as vistas da paisagem local.

No subsolo, a distribuição das áreas técnicas sob as lâminas superiores foi pensada de modo a otimizar o encaminhamento de instalações e sistemas estruturais, reduzindo custos de execução e permitindo a ventilação natural contínua destes ambientes (ver corte B-B’). A modulação estrutural propicia a implantação de 44 vagas de estacionamento na porção central do pavimento. As demais serão dispostas em estacionamento público conforme o artigo 120 da edição extra nº126 do Diário Oficial do Distrito Federal.

SUSTENTABILIDADE

Aferindo a exemplaridade das instituições no que diz respeito à gestão dos recursos naturais, a estratégia de gestão ambiental propõe respostas nas principais esferas da sustentabilidade: ambiental, social e econômica.

Os elementos de sombreamento nas laterais dos blocos e cobertura do átrio se unem à adoção de estratégias de climatização e permitem o bom desempenho ambiental do edifício, protegendo assim os planos de trabalho de incidência direta raios solares. Águas pluviais são captadas nas coberturas e espelhos d’agua, direcionada para cisternas de armazenamento e reutilizadas posteriormente na irrigação e em vazos sanitários. Painéis fotovoltaicos na cobertura contribuem para a geração de energia. Ambientes amplos com o uso de iluminação natural indireta reduzem o consumo enquanto a escolha de cores com alto coeficiente de reflexão reduz a geração de calor.

O térreo resultante assume a vocação de base do novo conjunto e faz a interface com o solo da cidade. Abriga espaços coletivos e de encontro destinados a acolher e encaminhar o público externo (recepção, foyer, salas de espera e halls de elevador) assim como espaços de estar (café e loja) e de caráter público (plenário, auditório).

O plantio de espécies arbóreas nativas do cerrado exalta o bioma local e torna a circulação de pedestres mais aprazível.

Os prismas, ao longo do átrio central, enfatizam a integração dos usuários com a paisagem construída fazendo desse o principal local de convergência. O projeto propõe, enfim, a criação de um espaço capaz de evidenciar o papel da Arquitetura e do Urbanismo perante a sociedade e o meio ambiente, intensificando e aprimorando suas relações.

Colaboração: MOB Arquitetos